Na solidão que antecede a criação
É quando estou só e ainda estou com todos
Que eu quero estar ou gostaria de tocar
É quando eu não tenho nada e se quero
Me basta uma palavra e um papel em branco
Um verso feito no silêncio de um canto
É como se eu tivesse todos os poderes
Capaz de dar mais vida a todos os seres
Ou de fazê-los mais felizes e mais tolos
E cada um tivesse a parte nesse bolo
Que cada um seguisse a vontade própria
E fosse o original da própria cópia
É como relembrar o beijo mais bonito
Que essa boca já tocou ou já sorriu
Embora quem beijou há muito já partiu
Ficou marcado como um beijo infinito
É que guardei a boca que ficou no lenço
E continuas me beijando enquanto penso